4 estratégias para usar práticas integrativas na otimização da gestão da Saúde Pública

Adotar um sistema de gestão que integre as unidades de Saúde é uma delas, já que otimiza o alcance dos dados populacionais para a criação de políticas preventivas

4 estratégias para usar práticas integrativas na otimização da gestão da Saúde Pública

O uso de práticas integrativas como parte das políticas de gestão da Saúde Pública está em alta no Brasil. Essas atividades, como acupuntura, homeopatia, yoga e tai chi chuan, servem, em geral, como complemento a tratamentos convencionais, mas também apresentam resultados quando utilizadas em programas com foco em melhoria da Saúde populacional. Para tanto, é indicada a adoção de um sistema de gestão que integre as unidades, além de outras estratégias que otimizam o uso dos dados gerados pelas ações. 

Entre 2017 e 2018, as atividades coletivas no Sistema Único de Saúde cresceram 46%, passando de 216 mil para 315 mil cidadãos beneficiados. O Ministério da Saúde, a partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), ofertou um rol de 29 opções, que precisaram ser incorporadas à realidade da administração pública da Saúde.

Cláudia Araújo, professora e pesquisadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde (CESS) do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o aumento na demanda por tais terapias alternativas se dá não pela falta de recursos da medicina tradicional, mas pela necessidade dos usuários do sistema público de Saúde em resgatar valores das medicinas tradicionais. Pode se tornar uma oportunidade para a gestão da Saúde Pública coletar dados fundamentais para a criação de políticas preventivas que otimizam a assistência. 

Conheça 4 estratégias para alcançar esse objetivo listadas pela especialista, que realizou estudo sobre o tema: 

  1. Adotar sistemas de gestão integrados: para o bom funcionamento dos programas, as redes de atenção à Saúde precisam contar com um sistema de gestão integrado. Eles permitem que o gestor identifique mais facilmente as necessidades de cada localidade segundo o perfil epidemiológico dos cidadãos, optando pelas práticas integrativas que mais se adequarem ao contexto. Aliado a outros dados de saúde dos usuários das unidades, a tecnologia otimiza o emprego dos recursos disponíveis para a gestão pública de Saúde.
  2. Promover estudo de dados: para entender melhor a população assistida é necessário um profundo estudo das informações disponíveis nos sistemas de gestão da Saúde Pública. Esse processo é otimizado ao ter uma rede integrada, onde é possível obter informações sobre outras instituições que também utilizam essa prática de forma online, em tempo real;
  3. Realizar o cruzamento das informações: após o estudo, é hora de cruzar os dados do prontuário eletrônico do SUS, o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), e perceber quais as maiores demandas do público da instituição. Por exemplo, um local onde as pessoas são hipertensas pode pensar em práticas que ajudam a controlar a pressão arterial, como o ioga;
  4. Definir normas claras: segundo o próprio Ministério da Saúde, compete ao gestor público elaborar normas técnicas para inserção da PNPIC na rede municipal de Saúde e definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação das práticas integrativas. Dessa maneira, é de competência exclusiva do município a contratação dos profissionais e a definição das práticas a serem ofertadas. 

 

Política nacional 

A especialista da UFRJ comenta que as práticas integrativas estão heterogeneamente distribuídas entre os estados e regiões brasileiras, e as modalidades mais difundidas são fitoterapia, homeopatia e acupuntura.

"Segundo informações do próprio Ministério, tais práticas situam-se especialmente na atenção básica e na Saúde da Família. Por sua vez, os profissionais são capacitados por meio de serviços próprios do SUS ou por centros formadores contratados para esse fim." 

O objetivo da criação e aprovação da PNPIC, segundo relatórios do próprio Ministério da Saúde, foi fortalecer a atenção primária no SUS, oferecendo mais opções de tratamentos para a população. Além disso, a medida tem como mote, também, recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a necessidade de integrar por meio de políticas a medicina tradicional e a medicina complementar. Algumas dessas práticas, como o tai-chi chuan, por exemplo, são utilizadas para a prevenção de doenças, manutenção da saúde e estabilização emocional.

A tendência é que essas práticas sejam cada vez mais usadas e disseminadas na Saúde Pública. Isso ocorre porque elas têm se mostrado eficazes tanto na prevenção de doenças quanto no aumento da qualidade de vida da população. Elas funcionam também para socialização entre a comunidade. Pessoas idosas, por exemplo, que outrora se sentiam solitárias, têm a oportunidade de se integrar com outras pessoas e ainda cuidar da saúde.

A implementação das práticas integrativas é mais um passo em busca da excelência na atenção primária do SUS. O constante investimento em medicina preventiva, aliado àquele voltado às novas tecnologias de gestão que reduzem custos e trazem eficiência à administração pública da Saúde, são essenciais para melhorar o SUS, desafogando unidades de emergência, diminuindo a quantidade de pessoas com problemas crônicos e, principalmente, trazendo mais qualidade de vida à população.

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