A nova era da medicina: realidades virtual, aumentada e mesclada

A transformação digital na Saúde já permite que profissionais da Saúde possam observar e interagir com imagens médicas em movimento, no mundo virtual. Saiba como se preparar para isso

A nova era da medicina: realidades virtual, aumentada e mesclada

Quando a radiografia foi criada, em 1895, o acesso à imagem das entranhas humanas transformou a prática da medicina. Mais de 125 anos depois da criação da tecnologia, mais um passo é dado. No lugar da imagem plana, a realidade virtual, com suas ilusões de profundidade e múltiplas dimensões, ganha cada vez mais espaço na transformação digital na saúde. 

“O grande benefício da realidade virtual é que ela nos permite observar uma imagem em movimento, e não mais estática. Isso possibilita que o observador, além de ter uma visão completa do ambiente no qual ele está virtualmente inserido, tenha o poder de interagir com os objetos”, explica Wagner Sanchez, pró-reitor acadêmico do Centro Universitário FIAP e coordenador acadêmico do MBA em Health Tech. 

Nesse mundo novo de imagens 3D, a possibilidade de imersão e o fato de o usuário se sentir realmente presente no ambiente visualizado é um dos maiores ganhos da tecnologia, bem como a autonomia que ele recebe para poder criar simulações com o objeto estudado. Mas há diferenças entre os tipos de realidade adotadas: 

  • Realidade virtual (RV): Uso de um dispositivo - como óculos especiais de RV - para que o usuário possa imergir em um ambiente virtual, deixando o mundo real para trás.
  • Realidade aumentada (RA): Nessa experiência, os objetos virtuais são sobrepostos ao ambiente do mundo real e podem ser visualizados e acessados por meio de smartphones, tablets ou óculos especiais para RA.     
  • Realidade mista: Nesse caso ocorre uma junção do mundo real com a realidade virtual, permitindo que haja uma maior liberdade de movimentos no espaço 3D enquanto o usuário se mantém interagindo com o meio físico a partir do uso de ferramentas como óculos de realidade aumentada.  

 

O impacto na medicina 

A conexão entre os mundos real e virtual ganhou visibilidade com o lançamento de várias soluções destinadas ao Metaverso em outubro de 2021. Tanto pessoas quanto empresas correram para garantir seu espaço na realidade virtual, comprando terrenos, indo a shows e adquirindo marcas de luxo para seus avatares. Mas, além do entretenimento, esse multiverso que está sendo construído virtualmente será cada vez mais importante para o trabalho, até mesmo para a prática da medicina.

Sanchez cita o exemplo da possibilidade de treinamento de novos médicos em uma mesa de operação virtual:

“Com uma realidade mista, aumentada e/ou virtual transportada para o mundo físico é possível criar imagens perfeitas de órgãos e sistemas para o estudo do caso antes de partir para uma cirurgia segura no hospital digital”. 

Além disso, na medicina preventiva, é possível usar a realidade virtual para que crianças — e adultos com medo de agulhas, por que não? — possam ter uma experiência imersiva antes de tomar as suas vacinas.  

“A realidade virtual pode funcionar tanto a distância (via telemedicina), quanto de modo presencial. Imagine pacientes com doenças crônicas, que sofrem de dores incapacitantes, poderem recorrer a esse tipo de tecnologia para encontrar um alívio para além do uso de fármacos", indaga o pró-Reitor.   

Por fim, já existem projetos, como o da Universidade de Basel, em Boston (EUA), que recriam imagens 3G em tempo real para que cirurgiões visualizem todas as informações que necessitam do paciente antes da tomada de decisão. No vídeo abaixo, dá para ver que os médicos conseguem usar uma imagem de uma tomografia em realidade virtual para conseguir modelar o órgão em ambiente virtual e interagir antes de realizar a cirurgia.  

         

“Com essa tecnologia dá para tocar na imagem de estudo, andar em volta dela como bem entender e ainda ter a opção de usar uma linha de plano de corte para a medição volumétrica do estudo reproduzido em 3D”, conta o Dr. Philipp C. Cattin, do departamento de engenharia biomédica da universidade no vídeo de apresentação.  

A plataforma Elucis é outro exemplo de modelagem de imagens médicas que já é usada por profissionais da saúde dos EUA, como médicos clínicos, cirurgiões e enfermeiros para a discussão da melhor conduta terapêutica em cada caso. No vídeo de apresentação dá para ver que é possível interagir de modo a fazer marcações no estudo que serão repassadas aos colegas depois, veja abaixo.

Se você quer saber o quão próximo — ou distante — todas essas tendências que acaba de ver estão da realidade brasileira, quem responde é o próprio Wagner Sanchez.

“Em um mundo que se transforma cada vez mais rápido, o pensamento linear não é mais suficiente. Tecnologia, inovação, ciência e humanidade são os vetores da transformação digital na saúde que, sim, está presente também para os profissionais brasileiros usufruírem.” 

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