A tecnologia à serviço da saúde: qual o papel da TI (visão macro) nesse setor? - MVCast 1
Convidados discutem qual o papel da tecnologia na saúde e as principais dificuldades encontradas para garantir que seus benefícios estejam disponíveis a todos.

A transformação digital tem sido uma força motriz em diversos setores, e a saúde não é exceção. A Tecnologia da Informação (TI) desempenha um papel crucial na modernização das práticas de saúde, melhorando a eficiência, a precisão e a acessibilidade dos cuidados. Neste artigo, vamos explorar a visão macro do papel da TI no setor de saúde, destacando como as inovações tecnológicas estão moldando o futuro da medicina e beneficiando tanto profissionais de saúde quanto pacientes.
A evolução da TI no setor de saúde
A TI na saúde evoluiu significativamente nas últimas décadas, passando de sistemas básicos de registro eletrônico para soluções avançadas que integram inteligência artificial, big data, deep learning e telemedicina. Esse desenvolvimento contínuo permitiu que hospitais, clínicas e outras instituições de saúde melhorassem seus processos internos, oferecessem tratamentos mais personalizados e aprimorassem a gestão de dados de pacientes.
Mas existe a problemática da infraestrutura das instituições de saúde, onde nem sempre é possível encontrar o suporte necessário para adquirir novas tecnologias. Esse foi um dos assuntos discutidos no primeiro episódio do MVCast, que teve como tema “A tecnologia a serviço da saúde: qual o papel da TI nesse setor?”. A proposta do programa é trazer uma nova visão sobre o que está acontecendo e as principais tendências da área da saúde.
O episódio, também disponível no Spotify e Deezer, contou com a participação de Márcia Mesquita Serva Reis, Presidente da Associação Beneficente do Hospital Universitário e Superintendente do Hospital Unimar, Fernando Teles Arruda, Especialista em Cardiologia e Clínica Médica, Fernando Torelly, Superintendente Corporativo do HCor e Leandro Modolo, Doutor em Ciências Sociais pela UNESP. A conversa foi mediada pela jornalista Adriele Marchesini.
Democratização do acesso de TI e Gestão de dados
Sabemos que as inovações tecnológicas estão revolucionando a área da saúde, trazendo resultados que melhoram a qualidade do atendimento, a precisão dos diagnósticos e a gestão eficiente de dados. No entanto, apesar dos avanços, a democratização do acesso a essas tecnologias ainda enfrenta desafios significativos.
“O desafio aqui é democratizar conceitos e competências para que a gente possa apoiar instituições que são muito importantes no cuidado, para que elas possam ter o conhecimento que elas nunca teriam porque elas não têm o poder econômico para isso. Precisamos democratizar o conhecimento em gestão, o conhecimento em tecnologia da informação, o conhecimento em inteligência artificial (...)” iniciou a conversa Fernando Torelly, CEO do HCor.
Além disso, a centralização desses dados facilita a troca de informações entre diferentes profissionais de saúde e instituições, garantindo uma continuidade no cuidado ao paciente, independentemente de onde ele esteja sendo tratado.
“Eu acho um trabalho bem bacana essa atividade que vocês estão fazendo da MV para que a gente possa levar conhecimento e talvez deixar mais claro para as pessoas o quanto elas podem ter ajuda, apoio, sem necessariamente ter um departamento de TI, mas tendo o suporte o apoio a mentoria de instituições que estão preparadas e que estão à disposição para ajudar as demais instituições no Brasil”, continua ele.
Interoperabilidade e prontuário eletrônico para melhoria na saúde
A digitalização dos dados de saúde, especialmente com o uso de Prontuários Eletrônicos de Saúde, tem o potencial de transformar a maneira como os cuidados são prestados. A centralização dos dados permite um acompanhamento mais eficiente do paciente, melhorando a comunicação entre profissionais de saúde e facilitando diagnósticos mais precisos.
“Estamos com hospitais lotados, mas estamos brigando para tentar cada vez mais ter no hospital quem de fato precisa estar lá e não aquele paciente que chegou lá pelos desvios da atenção básica. Não é fácil quando a gente não conversa com a gente mesmo”, explica Márcia Mesquita, Superintendente do Hospital Unimar.
O problema em questão é o da fragmentação de serviços. A falta de integração entre a atenção básica e os outros níveis de atenção (secundária e terciária) resulta em um cuidado fragmentado, onde pacientes podem ser perdidos no sistema ou enfrentar longas esperas para encaminhamentos e tratamentos especializados.
A tecnologia pode ajudar em uma gestão mais eficiente, oferecendo recursos como a interoperabilidade. Além disso, a integração de dados em prontuários eletrônicos permite uma visão holística do paciente, essencial para o desenvolvimento de planos de cuidados mais eficazes.
Inteligência artificial e análise de dados
A digitalização dos dados é um passo importante para o cenário da modernização das instituições, mas não deve ser feito de maneira imprudente. Com o aumento do volume desses dados, cresce também a possibilidade de inconsistências e erros na entrada de informações. Bases incorretas ou incompletas podem prejudicar a tomada de decisões clínicas e administrativas.
“Quando pensamos em ter um prontuário único, na verdade, estamos falando de um acúmulo de dados e a minha capacidade de análise preditiva depende da qualidade dessa informação. E aí nós esbarramos na qualidade do que é preenchido. Não é apenas apertar botão, porque o que eu vou fazer lá na frente depende disso” enfatiza o Especialista em Cardiologia e Clínica Médica, Fernando Teles Arruda.
Dessa forma, a educação e treinamento da equipe acaba sendo indispensável. Investir na capacitação de profissionais de saúde e administradores garante que as novas tecnologias sejam utilizadas de forma eficaz. Programas de treinamento e certificação também podem ser oferecidos online para atingir um público mais amplo.
Conclusão
A TI tem o potencial de transformar a saúde, mas a verdadeira revolução só será possível se conseguirmos democratizar o acesso a essas tecnologias. Superar as barreiras existentes exigirá uma abordagem colaborativa entre governos, setor privado e organizações de saúde, garantindo que todos possam se beneficiar dessas inovações.
“Esse é o brutal desafio de pensar a transformação digital num país como o nosso. Porque não se pode descartar o investimento de alta densidade em grandes hospitais, mas se você suga todo o investimento para isso e simplesmente abandona e esquece das falhas estruturais históricas (do sistema de saúde), a maioria da população vai continuar vivendo doente”, diz Leandro Modolo, Doutor em Ciências Sociais pela UNESP.
Somente assim conseguiremos um sistema de saúde mais equitativo e eficiente, capaz de oferecer cuidados de qualidade a todas as pessoas, independentemente de onde vivam.
Você pode conferir os episódios completos do MVCast no canal do Youtube da MV, clicando aqui.