5 perguntas sobre a acreditação hospitalar da HIMSS
Mônica Bezerra, diretora administrativa do Hospital Santa Izabel, que alcançou o estágio mais alto da acreditação em outubro de 2019, detalha como preparar a instituição e os colaboradores
O estágio 7 da acreditação hospitalar da Sociedade de Informação em Saúde e Sistemas de Gestão (Healthcare Information and Management Systems Society, a HIMSS) é um dos mais cobiçados pelos hospitais no mundo todo. A conquista do selo internacional garante o status de Hospital Digital, que representa não apenas a digitalização de processos gerenciais e de atendimento visando melhorar o desempenho da gestão e promover maior segurança do paciente, mas também um diferencial competitivo de mercado.
Alcançar a acreditação hospitalar é uma tarefa complexa, que depende de fatores que vão além da adoção de tecnologia e passam, principalmente, por uma mudança de cultura organizacional que possibilita a transformação digital na saúde. Mônica Bezerra, diretora administrativa do Hospital Santa Izabel, que integra a Santa Casa da Bahia e conquistou a chancela em outubro de 2019, responde abaixo cinco perguntas sobre o selo da HIMSS:
1 - Quais são as vantagens de mercado para um hospital que conquista uma acreditação como a HIMSS 7?
Mônica Bezerra: A mensagem que uma certificação do porte da HIMSS 7 passa ao mercado é do compromisso institucional com o uso intensivo da tecnologia como apoio à decisão clínica, com a garantia da segurança do paciente, com os processos repensados e mais seguros, além da obtenção de mais registros, proteção de dados, uso de tecnologias disruptivas como a inteligência artificial, internet das coisas, interoperabilidade entre plataformas. Tudo isso numa grande fusão centrada no paciente e no apoio à assistência e aos profissionais do cuidado, levando para eles mais tempo para dedicação ao paciente e subtraindo os trabalhos repetitivos que podem ser assumidos pela tecnologia da informação.
2 - Qual o passo a passo para o hospital alcançar a chancela máxima?
Mônica Bezerra: O passo a passo para se chegar a uma acreditação hospitalar, estágio 7 da HIMSS começa por um diagnóstico profundo, que trace para a alta gestão da instituição qual o status quanto ao uso de tecnologia e gestão de processos apoiados no uso intensivo de tecnologia. A partir daí, a gestão tem de compreender, em um grande pacto institucional, qual o compromisso e qual o nível a que se pode chegar em informatização. Então, determinar em quanto tempo tudo isso será alcançado. Para a mudança ocorrer, de fato, é preciso firmar um pacto com esses objetivos e conhecer o que as inovações significam para a saúde digital. Para tanto, a instituição deve estar harmonizada e comprometida nessa caminhada.
3 - Qual o impacto para a gestão durante e após a implementação do projeto de uma acreditação como a HIMSS?
Mônica Bezerra: Do ponto de vista da gestão, o grande impacto é a compreensão de que a HIMSS não visa apenas a digitalização dos processos. Falamos muito em Hospital Digital, ou paperless também, mas o caminho após a certificação é pensar de forma diferente nos processos. Não podemos nos comprometer apenas em levar para o mundo digital os processos da maneira como são executados analogicamente.
O grande impacto, portanto, é a organização se repensar, rever processos, redesenhá-los, em uma lógica mais ágil e fluida e mais adequada ao pensamento digital, no que diz respeito a envolver muito mais interoperacionalidade, um aprendizado e disponibilidade de dados muito rápido, em tempo real. A gente se compromete com o aprendizado exponencial, pois a tecnologia da informação exige isso da gente.
4 - E o paciente, de que forma percebe a conquista da acreditação hospitalar?
Mônica Bezerra: Para o paciente, o estágio 7 da HIMSS se traduz em uma assistência segura, com proteção de dados sensíveis, maior arsenal apoiando a decisão clínica, agilidade e fluidez dos processos. Então, do ponto de vista do paciente, a tecnologia da informação é quase invisível, mas ela costura todo o ambiente de segurança, de agilidade e de disponibilidade da informação em favor do processo assistencial.
5 - Quais são as dicas para entidades que querem trilhar o mesmo caminho?
Mônica Bezerra: A primeira delas é passar por um bom diagnóstico, por um planejamento de jornada muito bem descrito. É preciso, também, compreender que haverá um investimento importante, pois não se faz essa jornada sem um data center, sem redundância, estrutura de disponibilidade do sistema, de revisão de processos.
É necessário, ainda, ter claro o que realmente significa o estágio 7 da HIMSS e, a partir daí, fazer uma linha do tempo do que será preciso para fazer revisões processuais, dos investimentos financeiros e uma visão clara do objetivo, que deve ser uma assistência centrada no paciente. Fazemos todo esse cuidado e investimento em tempo, pessoas, inteligência e de recursos financeiros com o foco no paciente, para transformar a cultura por meio da tecnologia.