Gestão de medicina diagnóstica: a contribuição da tecnologia para estratégias preventivas

Exames por imagem são aliados da medicina para prever doenças que terão um salto de demanda em um futuro pós-pandêmico, entre elas o câncer e patologias crônicas como diabetes

Gestão de medicina diagnóstica: a contribuição da tecnologia para estratégias preventivas

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Desde a descoberta do raio-x, no fim do século XIX exames de imagem apoiam a prática médica, do diagnóstico ao tratamento de doenças. Após a pandemia da Covid-19, ganha destaque uma vertente da área ainda pouco explorada: a da prevenção. Para promovê-la, é fundamental que a gestão de medicina diagnóstica lance mão de estratégias e tecnologias que, combinadas, garantam a agilidade e preditividade necessárias para entregar qualidade de vida e bem-estar à população. 

Essa possibilidade ganha ainda mais importância diante do fato de que uma das principais consequências do isolamento social foi o atraso no diagnóstico de inúmeras enfermidades, entre elas o câncer. Gustavo Campana, diretor médico do laboratório Delboni Auriemo, cita como exemplo números contabilizados pelo Grupo Dasa: entre os 800 laboratórios da rede, uma das maiores do país, houve 350 mamografias com resultados indicativos de tumor maligno nas mamas em abril de 2019.

"No mesmo período de 2020, foram 200 positivos. Considerando que não houve diminuição da incidência da doença, alertamos que cerca de 150 mulheres podem estar com câncer e não sabem", destaca.

Para o sexo masculino, o cenário não difere. O especialista afirma que deixaram de ser feitos ao menos 170 exames com indicativo de câncer de próstata, na comparação com abril de 2019.

O câncer é só um exemplo, mas o medo de contrair o coronavírus, que impediu as pessoas de realizar exames durante a pandemia, trouxe também prejuízos para o acompanhamento de doenças crônicas. Ainda no Grupo Dasa, Campana comenta que cerca de 300 mil pacientes diabéticos e com mais de 60 anos deixaram de ser monitorados em 2020, na comparação com o ano anterior.

 

Planejamento

gestão de medicina diagnóstica deve considerar todo esse cenário na hora de fazer o planejamento para 2021. Além da alta demanda por exames diagnósticos, há ainda uma urgência na adoção de tecnologias na Saúde, também impulsionada pela pandemia. Para o especialista, essa é a oportunidade para pensar em estratégias que auxiliem a prática da medicina preventiva, já que a tecnologia é uma aliada desse modelo. 

O especialista explica que o uso dos sistemas RIS e PACS integrados permite a formação de uma base de conhecimento dos pacientes, agilizando o fluxo de laudos e torna o diagnóstico mais assertivo ao permitir uma análise ampla do quadro de saúde, com imagens de exames e dados clínicos combinados.   

Campana cita ainda tecnologias como visualização de imagens, realidade virtual e aumentada, impressão 3D e inteligência artificial como parte desse pacote da gestão de medicina diagnóstica que favorece a prevenção. Sobre IA, inclusive, Campana destaca que, antes da pandemia, para que um algoritmo fosse disponibilizado na prática clínica, eram necessários entre 18 e 24 meses de desenvolvimento. Hoje o período é de, no máximo, três meses.

"Computadores aprendem com exames e apontam alterações aos médicos com precisão e agilidade. O potencial para prevenção é enorme." 

Isso significa, na prática, que muitas doenças poderão ser diagnosticadas mais cedo, permitindo à gestão de medicina diagnóstica promover mais qualidade de vida aos pacientes, além de auxiliar na redução de custos do sistema de Saúde ocasionados por agravos de doenças com diagnóstico tardio.

 

Telerradiologia

Com a regulamentação da telemedicina durante a pandemia, a telerradiologia também se tornou uma ferramenta bastante explorada pela gestão de medicina diagnóstica. No Grupo Dasa, por exemplo, Campana explica que a modalidade foi implementada especialmente para facilitar a coordenação do cuidado, bem como “gerar valor para o sistema de saúde como um todo e para o indivíduo, especialmente”. 

Para o médico, a evolução da tecnologia irá alcançar patamares ainda mais minuciosos, e deve contribuir, no futuro breve, também no campo do diagnóstico genético.

“O Brasil tem uma população bastante heterogênea. Assim, uma das revoluções da saúde na próxima década virá por meio da análise dos nossos dados genéticos, que trará um importante auxílio para outras formas de diagnóstico e, principalmente, prevenção”, garante o especialista. 

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