Gestão inteligente na dispensação de medicamentos amplia segurança do paciente

Prática aliada à informatização ajuda a minimizar erros que podem comprometer o tratamento indicado pela equipe médica

Gestão inteligente na dispensação de medicamentos amplia segurança do paciente

Reduzir a incidência de erros causados por medicações é preocupação global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente campanha visando dirimir em 50%, nos próximos cinco anos, os danos graves e evitáveis associados a troca ou erros na aplicação de medicamentos.

No Brasil, estima-se que, das 35 milhões de indicações medicamentosas que ocorrem por mês, até 75% estejam sujeitas a erros. Para obter os resultados esperados no tratamento indicado pela equipe médica, é indispensável que a segurança do paciente esteja sempre em mente durante todas as etapas de atendimento.

Uma dessas fases cruciais é a dispensação dos medicamentos. Apesar de o uso de sistemas de gestão já ser realidade em alguns hospitais do Brasil, é necessário entender de que forma eles podem auxiliar o trabalho da farmácia hospitalar, a fim de minimizar erros.

Para que se faça uso integral das funcionalidades tecnológicas, é preciso praticar também técnicas essenciais de gestão e levantamentos que se iniciam na origem da informação sobre o paciente, tais como, criação de protocolos médicos — que padronizam o atendimento —:

  • Alertas para interações medicamentosas (droga x droga, droga x alimento, droga x diagnóstico, droga x resultado de exame);
  • Alertas de superdosagens;
  • Alertas de subdosagens;
  • Alertas de reações alérgicas a substâncias contidas no medicamento prescrito.

Sávio Barbosa, coordenador dos cursos de farmácia e de estética & cosmética da Universidade Metodista de São Paulo, destaca que a gestão inteligente da farmácia hospitalar é um dos pontos mais importantes na administração de uma organização de saúde quando o assunto é a segurança do paciente. Isso porque a tecnologia possibilita que o processo de avaliação de prescrições por parte dos farmacêuticos seja feito de forma mais efetiva, por meio de sistemas automatizados que informam quais itens devem ser avaliados e, posteriormente, dispensados.

“Isso garante controles rígidos que ajudam a evitar erros que podem comprometer o tratamento e a saúde dos pacientes”, diz o especialista.

Eder Ferragi, professor de gestão e logística do Centro Universitário São Camilo, detalha que algumas ferramentas dos sistemas de gestão podem ser utilizadas para otimizar a dispensação e garantir a segurança do paciente.

“Equipamentos que permitem leitura de código de barras, DataMatrix, transmissão de dados via radiofrequência são alguns exemplos de instrumentos que possibilitam a coleta, registro, transmissão e rastreamento automático de dados na dispensação de medicamentos, com grau de assertividade e velocidade muito superior aos registros e relatórios manuais.”

Com isso, a avaliação da prescrição se torna mais rápida e assertiva, por meio da análise do farmacêutico de problemas como superdosagem, alergias, entre outros, seguida da dispensação por meio de código de barras, que controla lote e validade e permite a rastreabilidade dos medicamentos. A tecnologia também possibilita que a medicação não seja aplicada em outro paciente e permite que se tenha controle dos lotes e datas de validade dos remédios dispensados.

O uso do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) pode auxiliar também no controle de intercorrências relacionadas à prescrição errada de medicamentos, interação medicamentosa e alergias. A ferramenta, que reúne todas as informações clínicas sobre o paciente, permite personalizar o cuidado em saúde ao apontar, por exemplo, possíveis alergias e interações medicamentosas. O PEP também ajuda na redução da incidência de erros de diagnóstico, emitindo alertas necessários sobre o paciente, baseado em seu histórico.

O circuito fechado de medicamentos é outra estratégia de gestão inteligente, uma vez que monitora todas as operações ocorridas, desde a prescrição até a checagem na beira do leito, feita com o auxílio de um dispositivo móvel que lê códigos de barra. Com isso, é possível verificar se a medicação que chegou para aquele paciente é a mesma prescrita pelo médico e dispensada pela farmácia, na dosagem e horários corretos.

A rastreabilidade dos medicamentos também auxilia na ampliação da segurança do paciente. Com ela, todos os itens são serializados e rastreados durante a produção, etapa por etapa, até o momento da venda. Num mesmo lote, cada medicamento possui um código diferente sendo marcado como único, possibilitando assim o rastreamento realizado por um software e a monitoração de todos os lugares por onde aquele código passou. A prática atua diretamente contra a falsificação de medicamentos.

 

Desafio

Mesmo com a tecnologia disponível, o maior desafio do setor de farmácia clínica ainda é garantir que o medicamento receitado ou prescrito a um determinado paciente seja mesmo dispensado a ele, reduzindo a margem de erro para perto de zero.

“Uma das principais preocupações nesse contexto é que o paciente certo receba a medicação certa, na dosagem certa, pela via de administração certa, na hora certa, duração certa, validade certa, com abordagem e registro certos”, destaca o coordenador da Metodista, Sávio Barbosa.

Olhar para a tecnologia como aliada desse processo, mas incluir também técnicas de gestão na dispensação de medicamentos, como a integração de setores e a capacitação dos funcionários envolvidos na dispensação, proporcionará ao paciente a segurança que ele almeja quando busca um hospital para cuidar da sua saúde.

“Se a tecnologia é uma das grandes responsáveis pelos avanços em eficiência e eficácia na fabricação de carros, celulares e outros equipamentos, pense no potencial que pode trazer a um segmento que lida com algo imensurável: a saúde e a vida”, destaca o professor do Centro Universitário São Camilo, Eder Ferragi.

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