Robótica e IA apoiam gestão da saúde em tempo real

Atualmente a tecnologia pode e deve instigar os gestores à visão de parabrisa, ou seja, pensar como a instituição está se portando agora e projetar melhores caminhos a médio e longo prazo

Robótica e IA apoiam gestão da Saúde em tempo real

As possibilidades de aplicações de inteligência artificial (IA) e robótica na assistência já são bastante conhecidas da gestão da Saúde. Mas essas ferramentas têm potencial para ir além, especialmente quando utilizadas para monitorar os chamados eventos de gestão, configurando uma evolução aos tradicionais Business Intelligence (BI) da Saúde.  

Um evento de gestão dentro de um hospital é um conjunto de tarefas que devem ser realizadas com alta eficácia, de acordo com os parâmetros disponibilizados pela própria organização.

“O maior objetivo nesse caso é atingir as SLA’s predeterminadas”, explica Eduardo Ceccon, gerente de projetos da MV. Mas ao levar a terminologia para um ambiente tecnológico, soma-se a essa definição que o evento de gestão está acontecendo a todo momento.

“Ele é algo vivo, associado ao momento presente, e não um fato estático que ocorreu no passado. Desta forma, um evento de gestão pode ser um input de um dado, uma confirmação de atividade ou até uma revisão de uma atividade”, elenca Ceccon.  

A tecnologia, por sua vez, possibilita à gestão da saúde aumentar a eficácia operacional ao identificar eventos de gestão-chave em tempo real. Isso porque a quantidade de registros que acontecem em uma estrutura hospitalar diariamente é enorme, na casa dos milhares, mas apenas algumas centenas deles são, de fato, relevantes no processo assistencial, administrativo ou econômico.

“A tecnologia garimpa os dados de todos os eventos de gestão e seleciona aquilo que realmente interessa à gestão hospitalar. Assim, o número de eventos de gestão que são considerados chave cai para cerca de 400, que idealmente devem ser separados em grupos específicos”, recomenda Ceccon, lembrando que esta é uma forma eficaz para que a gestão em Saúde crie a cultura de análise aos eventos, baseada na ideia de ciclo ou melhoria contínua para alcance dos objetivos de eficiência operacional 

Outra característica importante dos eventos de gestão-chave é que eles sempre se correlacionam. Imagine que o grupo de evento selecionado seja o monitoramento da capacidade instalada em uma determinada área, tal como urgência/emergência da instituição. Se esse fato apontar a existência de uma não-conformidade — digamos que foi ultrapassada a capacidade instalada — o sistema de gestão começa a indicar e alertar para outros eventos que terão problemas a partir do evento primário ou original, tais como giro de leito, higienização, dispensação de recursos e por aí vai. Todos são chamados de eventos secundários ao primário.

“O hospital é uma cadeia produtiva, tudo está interligado. E quando um evento de gestão primário entra em um estado de alerta de não-conformidade, é muito provável que os eventos de gestão secundários também fiquem em estado de alerta. Isso se dá pelas análises feitas pela IA, que antecipam como o hospital vai se comportar nas próximas horas”, explica o especialista.  

Antes mesmo do boom tecnológico dos últimos anos, os hospitais enfrentavam dificuldade na padronização de indicadores de eventos de gestão. Era preciso garimpar informações nas bases produtivas para só depois transformá-las em um indicador. Claro que a complexidade da tarefa, aliada à  falta de plataformas de RPA, dificultava ainda mais, pois não haviam dados centralizados na gestão, tudo dependia de controles em ilha.

“Para mudar esse cenário, foi preciso trabalhar a padronização dentro dos hospitais, respondendo a perguntas como: ‘Quais são os indicadores de boas práticas?’ ou ‘Quais indicativos marcam um bom atendimento assistencial?’ Foram essas respostas que nos ajudaram a montar a chamada ficha técnica dessa padronização e a listar os elementos que precisavam ser acompanhados em tempo real para alimentar a padronização”, descreve Ceccon. Hoje, o dado existe, o indicador está disponível e a operação acontece em tempo real.

“Mas ainda percebo que há um fator cultural de olhar o evento de gestão passado, através de BI e painéis indicadores, quando a grande novidade na gestão da saúde é passar a olhar para o agora a fim de prevenir eventos futuros, usando uma central de comando dotada de robótica e IA aliada à expertise humana para conduzir as reações aos eventos que reduzam as não-conformidades”, recomenda o profissional.  

E como 70% dos eventos de gestão em um hospital são assistenciais, o ideal é que essas centrais de comando possuem uma equipe multidisciplinar para a análise dos dados em tempo real, com pessoas com experiência em medicina, finanças, backoffice de faturamento, logística assistencial e insumos. O staff clínico da instituição, por sua vez, participa das revisões e padronizações de indicadores.  

A partir do uso de robótica e IA todas as atividades que antes eram braçais se tornam automatizadas, formando um diagnóstico de gestão.

“Por exemplo, se o sistema percebe um evento de gestão on time e observa pelo grau de conformidade que ele não está legal, é possível pedir para a aplicação a geração automática de diagnóstico e, assim, encontrar a causa raiz para o problema, seu impacto e um plano de ação para reverter essa não-conformidade. Podemos dizer que a resolução dos problemas foi automatizada. Claro, a ação humana ainda é fundamental para a análise e interpretação das soluções instigadas, mas tudo aquilo que antes demandava muito tempo e energia em pesquisa e identificação agora está mais refinado com a automatização”, garante Ceccon.  

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