Padrão Dicom e o uso de big data em radiologia digital

Protocolo padroniza a linguagem de armazenamento e comunicação de imagens obtidas em exames como tomografia, ressonância, mamografia, radiografia, entre outros, o que facilita o uso de ferramentas de análise de dados

Padrão Dicom e o uso de big data em radiologia digital

O padrão Comunicação de Imagens Digitais em Medicina (Digital Imaging and Communications in Medicine - Dicom) foi criado em 1983 pelo American College of Radiology (ACR), em associação à National Electrical Manufacturers Association (Nema). Tem como objetivo unificar a linguagem de armazenamento e transmissão de resultados de exames de radiologia digital, geralmente registrados no sistema PACS (Picture Archiving and Communication System), como tomografia computadorizada, ressonância magnética, mamografia, radiografia, entre outros. É um dos principais requisitos de ferramentas que organizam, hierarquizam e cruzam dados de saúde dos pacientes.

Rogério Caldana, gestor médico do centro diagnóstico do Fleury Medicina e Saúde, explica que o sistema codifica e categoriza os dados de cada componente que constitui a imagem médica, de modo a permitir a leitura e transmissão de grande número de informações. Na prática, o padrão Dicom faz com que cada imagem gerada em radiologia digital carregue as demais informações sobre o paciente, como seu prontuário eletrônico, procedimentos anteriores, entre outros dados relevantes de apoio ao diagnóstico.

“Uma norma padronizada como as imagens Dicom têm ainda a vantagem de viabilizar a interoperabilidade entre diferentes marcas e fornecedores de equipamentos médicos. Sem esse aspecto, seria impossível fazer a comparação ou manipulação das imagens médicas entre os inúmeros equipamentos e softwares disponíveis atualmente”, destaca Caldana.

A capacidade de padronizar as informações faz com que o Dicom facilite o uso de big data. Por isso, é importante tomar certas precauções para não “sujar” o padrão.

“Isso era muito comum quando o protocolo surgiu. Com o passar do tempo, os diversos fabricantes passaram a utilizar a padronização de imagens Dicom sem variações próprias, de modo a ampliar a interoperabilidade, o que diminuiu de forma expressiva os problemas de armazenamentos ou transmissão. Atualmente conflitos podem ocorrer quando a imagem é transformada em outro padrão para transmissão, o que determina perda das informações marcadas por ‘tag’ e impossibilidade de recuperação sem a disponibilidade dos dados originais”, exemplifica o especialista.

O padrão Dicom é visto por especialistas como um primeiro passo para explorar todo o potencial dos dados gerados em radiologia digital. É preciso garantir a interoperabilidade entre outros sistemas que fornecem informações relevantes sobre o paciente e seu histórico, como o Sistema de Informação em Radiologia (Radiology Information System, ou RIS) e o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP).

Sem essa comunicação, são formados silos — ou seja, grupos isolados — de dados, tornando-os ilegíveis ou inacessíveis pelas ferramentas analíticas. Como consequência, a aplicação do big data como ferramenta para gerar insights de negócios e prever demandas é comprometida.

Quando adequadamente utilizado, o big data pode, também, ajudar a organizar a demanda de pacientes, identificar novas oportunidades de prestação de serviços e melhorar a utilização de recursos materiais e humanos, identificando gargalos e áreas prioritárias.  

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