9 tendências da Saúde Digital para acompanhar de perto em 2021
Hospitais que estimulam o autocuidado, operadoras que coordenam a atenção ao beneficiário e Saúde Pública que recebe informações de um sistema em rede serão realidade no próximo ano

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Queda de receita, falta de leitos, profissionais exaustos. Em 2020, o sistema de Saúde brasileiro enfrentou um duro golpe diante da pandemia do coronavírus. Os Hospitais, as operadoras de Saúde e a Saúde Pública tiveram — cada um à sua maneira — que reformular processos e serviços para sobreviver. Para o próximo ano, com a Covid-19 caminhando para se tornar uma doença endêmica, é tempo de pensar em soluções mais assertivas para a assistência e os negócios. O caminho para construir esse futuro é o da Saúde Digital.
“A Saúde Digital é o futuro dos hospitais, das operadoras e da Saúde Pública, mas ela exige que sejamos mais competentes, parando de gerar custos excessivos”, reflete Alceu Alves, vice-presidente da MV durante a Semana Pensar Saúde 2021.
Com análise de dados e tecnologia, é possível saber ao certo quem trabalha bem e entrega valor e desfecho clínico adequados, informação fundamental para que os sistemas de remuneração possam também avaliar a melhor prática assistencial. Alceu avalia que, talvez, tamanha mudança ainda não aconteça em 2021, mas certamente outros serão realidade em um tempo breve. Acompanhe os principais desafios e as tendências da Saúde Digital nos três principais atores do sistema de Saúde brasileiro.
Hospitais mais integrados e menos centralizadores
Antes considerados ambientes seguros, os hospitais viram sua reputação afetada pelo medo do contágio pela Covid-19.
“A gestão hospitalar vai precisar criar procedimentos digitais específicos para garantir segurança total ao paciente. Só assim a população pode voltar a acreditar que o local é seguro”, analisa Paulo Barreto, superintendente do Hospital São Lucas, Aracaju (SE).
“Mesmo com todo o processo de digitalização, o hospital não pode esquecer da essência do cuidado em Saúde. Portanto deve permanecer investindo forte na segurança do paciente e na qualidade da assistência”, complementa Alceu Alves. Os especialistas citam algumas formas de fazer isso:
Estímulo ao autocuidado
A capacidade de os hospitais monitorarem os dados e os pacientes de grupos de risco com uso de tecnologia, tais como dispositivos vestíveis ou aplicativos de celular, precisa começar a integrar o autocuidado. Assim, será possível uma importante mudança no modelo assistencial, com estímulo à atenção primária e o hospital não sendo apenas sinônimo de emergência, mas montando sua própria rede ambulatorial.
Conexão em rede
Com cada vez mais pessoas gerenciando a própria saúde, apenas os casos mais complexos serão destinados aos hospitais, que se transformarão em um hub de soluções integrado ao sistema de Saúde. A conexão com as redes ambulatoriais permitirá reuniões remotas com especialistas e a prática da telemedicina para que pacientes não precisem mais recorrer à emergência logo que sentirem qualquer mal-estar.
Avanço no controle da produtividade
Assim como a indústria já faz muito bem, o hospital definirá padrões de eficiência e calcular a capacidade de uso de equipamentos de ressonância e leitos, entre outros itens. Com isso, será possível identificar ineficiências da operação e corrigi-las sem prejuízo para a qualidade do serviço oferecido.
Operadoras, um sistema de atenção
“A questão fundamental para a gestão de operadoras de Saúde em 2021 é de posicionamento. Muito se fala sobre atenção primária à saúde e medicina preventiva, mas é preciso que as empresas adotem tudo isso como cultura, e não apenas em programas pontuais”, analisa Martha Oliveira, diretora da Designing Saúde e da Laços Saúde.
O pressuposto é que as operadoras façam a coordenação integrada do cuidado. Conheça essa e outras tendências da Saúde Digital para o setor.
Coordenação do cuidado em Saúde
A atenção primária tem sido defendida como uma porta de entrada para o sistema de Saúde, mas antes disso é preciso ter a chamada coordenação integrada do cuidado, que só será possível a partir da análise de todo o sistema e o real entendimento das necessidades de cada beneficiário. Uma atenção bem coordenada fideliza o cliente, que se sente bem cuidado e se acostuma ao modelo que incentiva o bem-estar e a qualidade de vida. No sistema atual, a principal porta de entrada é via emergência hospitalar — e essa a proposta é exatamente o oposto disso.
Processo de verticalização virtual
Planos de cobertura nacional caem por terra e o atendimento regionalizado é outra forma eficiente de atingir um cuidado mais coordenado. A enorme rede nacional de atenção de Saúde é quebrada e, em seu lugar, surge uma rede poliárquica, na qual os arcos estão integrados e conectados pela tecnologia, e não são mais prestadores de serviços separados fazendo a mesma coisa em diferentes lugares.
Atendimento ao beneficiário 100% remoto
Não há mais necessidade de beneficiários se deslocarem até a rede credenciada para marcar exames e consultas ou receber informações. A digitalização dessas áreas reduz o custo físico e favorece a gestão das operadoras.
Saúde Pública regularizada e regionalizada
Três a cada quatro brasileiros são atendidos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Muitos são atendidos apenas por ele. Embora o SUS tenha conquistado uma atuação elogiada na pandemia, suas fragilidades também ficaram evidentes. 2021, será marcado pela chegada dos novos gestores municipais e pela operação de guerra que será vacinar a população contra o coronavírus. Veja esse e outros desafios listados pelos especialistas Renato Sabbatini, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, e Francisco Figueiredo, diretor das unidades de negócio da MV.
Reforço no sistema de imunizações
Até meados de 2021, o grande desafio da gestão da Saúde Pública será vacinar a população brasileira. Mas isso não acaba com a pandemia, uma vez que a Covid-19 virará uma doença endêmica e os grupos de risco precisarão ser vacinados anualmente, como ocorre com a gripe.
“Organizar a distribuição da vacina passa pela mudança na infraestrutura para o armazenamento das doses. E muitos lugares só têm geladeiras comuns que não chegam a -70 °C, ou seja, não vai ter a mesma vacina para todo mundo”, esclarece Sabbatini.
Organização das prioridades
A palavra-chave para 2021 é organização. Após a pandemia, os recursos federais não chegarão mais da mesma forma e o SUS voltará a ter o teto de gastos.
“Como fazer para realizar todas as cirurgias eletivas que foram adiadas? O SUS precisa estar muito bem regulado para saber onde levar o paciente e como tratá-lo. Por isso, saber fazer a logística do paciente e definir como ele caminha no sistema para não ter desperdício de tempo e dinheiro é fundamental”, enfatiza Figueiredo. E a informatização é a melhor solução para isso.
Rede de assistência e informação
Com a proximidade do verão, aumenta a chance de o SUS precisar lidar com mais de uma doença infecciosa ao mesmo tempo, como a Covid-19 e a dengue, por exemplo. Um cenário como esse requer investimento em qualidade administrativa e treinamento de profissionais da Saúde que podem acontecer remotamente e em rede. Informação em tempo real, proporcionada pelo uso de recursos da Saúde Digital, auxilia o gestor a antever surtos e agir em epidemias e pandemias.
