Enterprise Imaging: o que é e os impactos no diagnóstico
Ao reunir todas as imagens médicas da instituição sob um mesmo software de gestão, a nova plataforma garante melhor fluxo de compartilhamento de informações relevantes ao diagnóstico
Radiografia, ressonância magnética e tomografia são os exames mais comumente associados à imagem médica e, juntos, produzem um alto volume de dados. Há ainda uma série de outros serviços de apoio ao diagnóstico, como:
- Densitometria óssea;
- Eletrocardiograma;
- Eletroencefalograma;
- Endoscopia;
- Colonoscopia;
- Ultrassonografia;
- Oftalmologia;
- Função pulmonar.
Eles usam imagens, ainda que sejam de outro tipo, como ondas, gráficos e até fotografias internas e externas de órgãos. Mas toda essa informação produzida diariamente pelas instituições ainda está segmentada e dividida entre as diferentes especialidades, sem que haja um sistema que integre os dados para facilitar o acesso. Só que isso está prestes a mudar com a chegada da Enterprise Imaging.
“O Enterprise Imaging tem como principal medida tratar as imagens médicas como um bem da instituição de saúde. Assim, o objetivo maior é reunir e administrar os dados criados por unidades distintas — como a radiologia, a cardiologia, a ultrassonografia e assim por diante — em uma única solução de sistema para o diagnóstivo como um todo”, explica Fábio Moreira, gerente de Serviços em Medicina Diagnóstica na MV.
Como acontece hoje
A maneira como a gestão de informação das imagens médicas é feita atualmente, com cada área da instituição cuidando apenas da sua parte, tem alguns problemas estruturais que precisam ser revisitados para que, no futuro, os dados possam ser melhor aproveitados. O principal é a criação de um parque replicado de fornecedores e seus respectivos contratos, já que é bastante comum que cada área tenha um fornecedor e sistemas próprios, multiplicando a necessidade de software e hardware da instituição.
Além da variedade de sistemas disponíveis, outro ponto é que muitas vezes as tecnologias não são integradas e o médico depende do compartilhamento de exames, feito pelo paciente para ter acesso à informação que precisa para a construção do diagnóstico.
“Com a LGPD, os gestores também vão notar uma enorme dificuldade em fazer a governança dos dados de imagens médicas se elas permanecerem segmentadas em especialidades, porque será cada vez mais difícil saber quem está acessando o dado”, lembra o especialista. Todos esses desafios têm um reflexo em comum: o cuidado do paciente fica prejudicado.
Como vai passar a funcionar?
O conceito de Enterprise Imaging não é algo novo. Desde 2016, o tema tem sido discutido em e publicações científicas feitas pela HIMSS-SIIM, mas agora ele representa uma possibilidade real de interoperabilidade entre os sistemas que armazenam os dados dos pacientes para que a assistência possa ser melhorada.
“A proposta é que a partir da criação de uma plataforma única seja possível centralizar todas as informações de diagnóstico por imagem e deixá-las disponíveis em um visualizador universal cujo acesso será feito diretamente no prontuário eletrônico, para que todo o corpo clínico da instituição possa ter acesso ao histórico médico do paciente”, descreve Moreira.
Médicos que costumam acessar exames remotamente para laudar continuarão a ter acesso às imagens através de um visualizador único do sistema para diagnóstico.
O paciente, por sua vez, terá acesso a todos os seus dados de imagem em um único local, o portal de exames, facilitando o compartilhamento de informações relevantes com outros médicos que consultar. O acesso facilitado de informações é algo já bastante comum com os exames laboratoriais e tudo indica que será muito bem usado também para o diagnóstico por imagem.
Pesquisas clínicas também serão favorecidas com a reunião e catalogação adequada dos dados. Os dados antes distribuídos poderão ser analisados e realizados estudos da correlação entre eles. O Enterprise Imaging traz benefício direto ao paciente quando se fala em qualidade do cuidado, benefício para os profissionais de saúde em função da reunião dos dados do paciente sob uma mesma plataforma e benefício para as instituições no que diz respeito à redução dos investimentos de manutenção e suporte dos ambientes de imagem.
Cuidados para a implantação
A reunião de todas as informações e imagens médicas em uma mesma infraestrutura ajudará a reduzir a capacidade ociosa dos serviços de diagnósticos por imagem, portanto, mesmo com o investimento em tecnologia, a expectativa é que haja uma redução de custos para a instituição, afirma Moreira. Mas é importante frisar que sua implantação não é rápida e requer planejamento e integração entre diferentes áreas.
“O Enterprise Imaging é uma jornada longa e com vários desafios, pois reúne diversas tecnologias diferentes em cada área diagnóstica e envolve uma transformação muito grande dentro da instituição. Exatamente por isso o momento de pensar em adotar esse novo modelo é agora, quando ainda há tempo hábil para planejar essa mudança na gestão de forma que todas as informações estejam sempre disponíveis para médicos e pacientes no momento em que eles mais precisam”, finaliza o especialista.