Mitos e dificuldades da automação de processos na gestão em Saúde
Mesmo com o avanço das tecnologias, ainda há quem tenha receio em implantar mudanças por desconhecimento dos sistemas; entenda o que é mera especulação e o que é verdade
A automação de processos é uma estratégia para aliar tecnologia na realização de atividades cotidianas, podendo ser adotada por toda a gestão em Saúde. Mesmo com o avanço de ferramentas inovadoras que facilitam o trabalho, ainda há quem resista em automatizar processos, seja por medo de que uma máquina substitua profissionais capacitados, seja por não entender muito bem como os sistemas funcionam e acreditar que nem todo processo pode ser automatizado. É nesse ambiente de desconhecimento que os mitos se proliferam.
Para o professor Diego Pereira Lima, docente do MBA de Gestão em Saúde do Centro Universitário São Camilo, a inclusão de tecnologias disruptivas sempre exigirá a superação de barreiras. Ele também lembra que na gestão em Saúde e, sobretudo no setor hospitalar, há um paradigma importante a ser considerado, pois, ao mesmo tempo, em que existe um avanço tecnológico dos mais proeminentes, incluindo até a robotização e a inclusão de soluções como a telemedicina, é também um ambiente onde a prática humana é muito valorizada.
“Nesse cenário, as profissões nas quais a técnica, o conhecimento humano e o cuidado estão inseridos são as mais resistentes a mudanças”, enfatiza.
O gestor da Saúde tem entre suas principais características a necessidade de lidar com gente, das mais variadas formações, classes sociais e gerações. A inclusão da automação de processos deve ser encarada como mais um desafio a ser cumprido porque, visto que as dificuldades naturais da evolução tecnológica são superadas, é nítido o ganho que trazem para a equipe e a sociedade em geral.
Conheça agora os principais mitos sobre a automação de processos na gestão em Saúde, segundo o professor Diego Pereira Lima:
Mito 1: A automação de processos só atrapalha a rotina
É verdade que a automatização de processos pode apresentar travas que tornam a rotina mais lenta no início, quando todos estão em adaptação. Ela é implantada justamente para, após superados os desafios iniciais, tornar o processo cada vez mais célere.
“Além de criar barreiras que vão evitar possíveis erros e retrabalhos futuros, garantindo a segurança do paciente e dos profissionais de Saúde”, enfatiza Lima.
Mito 2: A tecnologia é quem vai ditar as regras a partir de agora
Não custa lembrar que a decisão técnica do profissional de Saúde quanto à conduta adotada deve ser sempre respeitada.
“Os mecanismos de inteligência artificial e big data, por exemplo, podem cruzar dados, rodar algoritmos e sugerir ações com base no histórico e na bibliografia consultada, mas as decisões de condutas devem sempre ser definidas pelo corpo técnico da instituição, seja ele assistencial ou administrativo”, recomenda o professor.
Mito 3: Com a automação, acaba a necessidade de treinamentos das equipes
Acontece justamente o contrário. Por isso, é necessário demonstrar às pessoas que toda tecnologia precisa ser gerida, alimentada e analisada por profissionais. É dessa maneira que se cria condições de capacitação para que o corpo de colaboradores esteja preparado para lidar com as novidades e não seja surpreendido por elas.
Para o docente, a maior dificuldade, especialmente no setor de Saúde Pública, talvez seja o custo da implantação dessas tecnologias. Pensando em um cenário onde esse fator é superado com planejamento e estratégia, é preciso investir em outra questão crucial.
“É necessária, também, uma mudança de cultura organizacional, onde o foco na qualidade assistencial e na capacidade de análise de dados passa a nortear a gestão em Saúde para o crescimento da instituição e a valorização profissional das pessoas.”
O caminho da capacitação profissional focada no desenvolvimento de lideranças na organização de Saúde parece ser o mais promissor para ultrapassar os pré-conceitos em relação à tecnologia, como afirma Lima:
“O treinamento faz com que os profissionais desenvolvam um olhar macro e holístico para compreender os objetivos e rumos que a instituição de Saúde deve tomar.”
Isso é fundamental, pois enquanto houver receio e temor por parte de líderes e liderados, qualquer tentativa de implantação de tecnologias e automações nunca passarão de meras especulações.