Operadora de Saúde: como gerar benefícios com as medicinas preventiva e preditiva

Disponibilidade de informações sobre o paciente auxilia na antecipação de diagnósticos e gera economia tanto para beneficiários quanto para operadoras

O modelo ideal de gestão em saúde está baseado na promoção da prevenção, ao invés de se limitar a oferecer suporte no tratamento das doenças. Para alcançar esse futuro, a tecnologia da informação é a principal aliada das operadoras de saúde do País, mas ainda é vista mais como custo que investimento.

Com o avanço dos sistemas informatizados de gestão, se faz cada vez mais necessário o reconhecimento de que agregar inteligência à operação cotidiana possibilita a prática das medicinas preventiva e preditiva, reduzindo custos operacionais.

A medicina preventiva em operadoras de saúde tem como foco evitar doenças ou mesmo detectar o diagnóstico precoce da enfermidade, promovendo agilidade no tratamento. Em passado não muito distante, os dados sobre cada atendimento em serviços de Saúde eram registrados na base da caneta e do papel. Além disso, ficavam espalhados entre as diferentes organizações que prestavam atendimento ao indivíduo ao longo de sua vida.

A informatização crescente do setor possibilita que estes dados sejam reunidos pelo Registro Eletrônico de Saúde (RES), que converte as informações em histórico clínico do paciente. Além disso, cada prestador de serviço pode ter acesso ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), no qual todos os procedimentos realizados naquele local, bem como as informações básicas do usuário, podem ser centralizados e integrados.

A tendência é que, no futuro, cada indivíduo tenha um Registro Pessoal de Saúde (Personal Health Recorder - ou PHR) que armazene os dados médicos e prontuário registrados, seja em unidades de Saúde pública ou privadas.

Essas tecnologias permitem à operadora de saúde traçar perfis de beneficiários por hábitos, detectar risco de doenças ou encaminhar pacientes de risco. Além disso, possibilitam ao indivíduo assumir papel de protagonista, corresponsável pelo cuidado com sua saúde. Ele passa a se preocupar mais com a prevenção, ao receber alertas da operadora, cuidando-se constantemente para evitar a enfermidade, do que com o tratamento da doença em si. Como benefício, vê sua qualidade e expectativa de vida aumentarem.

 

Economia

Para a operadora de saúde, o uso da tecnologia possibilita ainda uma maior otimização de recursos, algo muito importante diante dos altos índices de sinistros que o setor alcança. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, o índice de sinistralidade das organizações do tipo no País alcançou 86% em 2016.

Uma das principais formas de reduzir este percentual é a medicina preventiva em operadoras. Isso porque, ao acompanhar o beneficiário, incentiva-se a ida ao médico e a realização de exames preventivos. A prática pode até ocasionar custos constantes, mas bem menores que aqueles gerados por beneficiários que se tornariam doentes por ausência de acompanhamento constante e, por isso, precisam de tratamentos mais caros, que envolvem exames, procedimentos e cirurgias.

Diante dessa premissa, é importante as operadoras deixarem de ver o beneficiário somente como um mero pagador. Os custos gerados por clientes não monitorados e podem ser incalculáveis, a exemplo do paciente que sempre pagou o plano de saúde em dia, sem participar de um programa preventivo, e de repente sofre um infarto aos 50 anos. Por isso, também é papel da operadora de Saúde incentivar o protagonismo do beneficiário no cuidado da própria saúde. E tecnologia auxilia o processo.

 

Otimização

A informatização com base na prevenção também possibilita a classificação dos beneficiários por grupo de atenção ou risco, inclusive doentes crônicos que precisam ser medicados e avaliados por médicos constantemente. Sem esse controle, os doentes podem precisar se consultar com diversos especialistas e permanecer internados, gerando ainda mais despesas.

 

Identificação do risco antes do risco

Com investimento em tecnologias de analytics e big data, surge a medicina preditiva, que permite a identificação de possíveis riscos na saúde por meio de informações clínicas previamente existentes, tanto do beneficiário quanto de seus familiares e dos grupos de risco dos quais ele faz parte. Os sistemas reúnem soluções capazes de analisar e compreender qualquer tipo de informação digital em tempo real, e são hoje considerados importantes ferramentas estratégicas da área da saúde.

A análise preditiva é realizada pelo mapeamento das informações disponíveis sobre o cliente. Assim, é possível identificar a manifestação de doenças e garantir tratamentos preventivos, diminuindo ainda mais os custos futuros daquele beneficiário.

Esses dados clínicos de cada indivíduo são recolhidos com mais facilidade com o avanço da tecnologia, que possibilita a popularização de mobile health, aplicativos e wearables, ferramentas de auxílio às pessoas no monitoramento de hábitos e doenças. Eles permitem que dados particulares sejam compartilhados com o médico não só para auxiliá-lo no diagnóstico, mas também para que informações de Saúde não sejam mais tratadas isoladamente.

Chega-se então ao que vem sendo chamado de Quarta Onda da Saúde. Nessa fase, o envolvimento crescente do indivíduo na reunião de informações aprimora a emissão de alertas às condutas médicas, a formulação de hipóteses diagnósticas, a indicação de melhores práticas de tratamento, a prevenção primária e o acompanhamento da evolução da saúde do paciente. Avaliando direcionamentos de tratamentos, especialmente na área de Oncologia e outras doenças crônicas, já existem supercomputadores interagidos diretamente com médicos, inclusive por comandos de voz. A saúde, portanto, também se beneficia da inteligência artificial.

A ampla disponibilidade, cruzamento e interpretação de dados aumentam as chances de cura e prevenção de doenças. Essas informações também auxiliam na antecipação de diagnósticos, promovem agilidade a tratamentos e ajudam a desenvolver medicamentos e diminuir mortes evitáveis.

O uso destas ferramentas ainda possibilita estudos de impacto de situações de saúde e de conhecimento de risco de uma população específica, visando definir ações e criar indicadores para prevenir a disseminação de doenças. É certo prever que o uso da inteligência artificial no cruzamento de dados clínicos das pessoas, não necessariamente pacientes, evitará agravos à saúde da população e, consequentemente, aumentará a expectativa e a qualidade de vida.

Sendo assim, a tecnologia agrega mais que agilidade operacional às prestadoras de serviços de Saúde do País. Ganha o paciente, que evita a doença, e ganha a organização, que economiza em tratamentos de alto custo.

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Desafio da mensuração de resultados

Como qualquer outra organização, as operadoras de Saúde também são entidades baseadas nos princípios da sustentabilidade financeira, ou seja, os investimentos precisam ter mecanismos de análise de retorno. E esse é o grande problema de programas de atenção à Saúde (sejam eles preventivos ou preditivos): como calcular o quanto foi economizado se os eventos não ocorreram?

Um programa de atenção bem estruturado, com ações pró-ativas de estímulo a realização de exames e check-ups, por exemplo, podem evitar que alguns daqueles beneficiários tenham infarto agudo do miocárdio. O valor investido nesses exames é de fácil levantamento, mas mensurar quantos infartos foram evitados é um desafio de todas as organizações.

Assim, a utilização de ferramentas de apoio estratégico (BI, big data e analytics) podem apoiar no mapeamento de ocorrências em perfis populacionais antes e depois da adoção de programas de atenção à Saúde, além da possibilidade de se cruzar com dados públicos visando avaliar os resultados dos programas atualmente utilizados.

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