Qual o papel do enfermeiro no processo de gestão do setor clínico-assistencial na instituição pública?

Nessa nova realidade, o sistema de saúde é socialmente exigido em seu nível máximo de eficácia, a ponto de profissionais como os enfermeiros acabarem adquirindo um papel diferenciado nas instituições.

Qual o papel do enfermeiro no processo de gestão do setor clínico-assistencial na instituição pública?

Estimulado a evoluir em sintonia com as mudanças vividas pela sociedade moderna, o cenário da assistência à saúde vem se tornando cada vez mais complexo. No país, as recentes regulamentações do Ministério da Saúde, as normatizações impostas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a formação de um cidadão cada vez mais exigente, consciente de seus direitos e mais próximo do conceito de consumidor de serviços públicos trazem para as salas de direção de hospitais e clínicas públicos, UBSs, prontos-socorros e divisões de atenção primária conceitos que antes eram próprios apenas do mundo corporativo (como a eficiência, a proatividade e a resolutividade).

Eles têm metas estabelecidas, avaliações constantes de desempenho e treinamento para desenvolvimento de competências de gestão. Isso explica perfeitamente a importância atual do gerenciamento de enfermagem, sobretudo na rede pública, para o alcance da excelência na prestação de serviços.

 

Funções e regulamentação do gerenciamento de enfermagem

A prática gerencial conferida ao enfermeiro é chancelada pelo artigo 8º do Decreto 94.406, de 1987, estabelecendo que tal profissional tem entre suas atribuições a direção, a chefia, o planejamento, a coordenação, a organização e a avaliação dos serviços de enfermagem. Anos mais tarde, a Resolução COFEN 194, de 1997, delineou com ainda maior nível de detalhamento a participação do enfermeiro na esfera gerencial, especificando que esse profissional pode ocupar, em qualquer esfera, cargo de direção-geral nas instituições de saúde públicas e privadas, ainda cabendo privativamente a ele a direção dos serviços de enfermagem.

Em um sistema de fraco controle funcional, a figura do gestor de enfermagem se torna fundamental para a organização, a coordenação e a direção do fluxo de trabalho assistencial. Normalmente é esse o contexto da rede pública de saúde do nosso país, que não conta com a figura do CEO ou com as frequentes cobranças por resultados como a rede privada. Caberá ao gestor de enfermagem, portanto:

  • Organizar a equipe no ambulatório;
  • Dividir os profissionais para que todos os pacientes da enfermaria estejam protegidos pela devida supervisão técnica;
  • Instruir a equipe sobre os cuidados necessários com uso de equipamentos e medicações;
  • Fiscalizar se os procedimentos sanitários e de higiene estão sendo devidamente seguidos;
  • Se os atendimentos são prestados com rapidez, sem erros e com alto nível de satisfação dos pacientes.

Esse profissional ainda recebe reclamações e críticas dos cidadãos, buscando encontrar soluções tecnológicas ou operacionais que melhorem a capacidade de atendimento do setor de enfermagem.

 

Capacitação e implementação de soluções de TI em saúde

Infelizmente, a área acadêmica de enfermagem ainda não estimula seus estudantes a adquirirem conhecimentos de gestão. Por isso, faltam recursos para que os novos profissionais enxerguem a instituição de saúde não somente do ponto de vista humano, mas como uma organização que precisa alcançar resultados sólidos qualitativa e financeiramente.

A ausência de preparo adequado exige dos gestores de saúde pública, preliminarmente, a elaboração de um poderoso plano de capacitação que atinja todos os profissionais de saúde, mostrando a importância de indicadores de performance, do controle de metas e da busca constante de resultados por meio de ferramentas de gestão (como análise SWOT e Balanced ScoreCard, dentre outras ainda pouco familiares à área).

Concluída a etapa de qualificação, introduzindo a importância do gerenciamento do desempenho na melhoria contínua da instituição, é preciso investir em sistemas de gestão que facilitem processos e permitam o controle e o monitoramento de referenciais de desempenho, tal como anunciado durante todo o processo de capacitação. É preciso entender que não basta apenas a ideologia. São necessárias ferramentas adequadas para alcançar resultados também adequados. Isso se faz com informatização.

 

Importância do Prontuário Eletrônico do Paciente na gestão

O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é um sistema que objetiva substituir todas as fichas manuais, inclusive as prescrições médicas ilegíveis e os relatórios médicos fragmentados, por uma poderosa aplicação em nuvem que permita o acesso aos dados até fora da instituição e que concentre em uma única plataforma todo o histórico de saúde do paciente, bem como dados de atendimento, nome do enfermeiro que o atendeu, que medicamentos administrou e assim por diante.

Para o gestor de enfermagem, trata-se de uma ferramenta fundamental de controle de processos, que permite que ele acompanhe em tempo real todos os movimentos do setor a partir de um software de extremo impacto no resultado da instituição. Isso sem falar na praticidade da junção de registros clínicos, bem como a consequente menor chance de erros por parte dos profissionais, uma vez que terão volume aliado à qualidade no que se refere às informações médicas de cada paciente. Além da capacitação, é preciso prover aos gestores de enfermagem soluções de TI em saúde que enxuguem procedimentos e facilitem o controle. É o caso do PEP.

 

Apoio de um sistema de gestão para controle de indicadores

Já que estamos tratando de mecanismos de facilitação de processos na área de enfermagem, um sistema de gestão também é fundamental para a coleta de indicadores de desempenho e a consequente mensuração dos resultados.

  • Qual o custo com os medicamentos usados no setor?
  • Como são as flutuações sazonais?
  • Quem são os enfermeiros mais produtivos, quem está sobrecarregado e quem está ocioso?
  • Qual é a taxa de retorno com relação aos pacientes que recebem alta na instituição?

São muitas variáveis que auxiliam o gestor a compreender o caminho traçado pela instituição e os possíveis gargalos de eficiência.

Olhando de forma mais ampla, a informatização da rede pública, alinhada à capacitação dos servidores da área de enfermagem, garante o início de uma mudança completa não somente na prestação de serviço, mas na concepção de assistência à saúde por parte do Estado. O gestor de enfermagem ocupa papel central nesse processo, mensurando e impulsionando a melhoria na evolução clínica dos pacientes (acompanhada por parte de sua equipe) e dimensionando adequadamente seu pessoal, dentre outras atribuições fundamentais.

Agora que discutimos um pouco sobre o gerenciamento de enfermagem e o papel do enfermeiro na melhoria do sistema público de saúde, aproveite para entender como prover maior controle na assistência à saúde da população e se prepare para tornar seu município ou estado em uma referência nacional.

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