4 estratégias para otimizar a gestão da atenção primária na Saúde Pública

Olhar integrado e holístico e apoio da tecnologia são fundamentais para extrair resultados do modelo, que promete resolver entre 80% e 90% dos problemas de saúde da população

4 estratégias para otimizar a gestão da atenção primária na Saúde Pública

Organizações de Saúde de todos os tipos voltam seus olhos para uma estratégia utilizada há mais de 30 anos no Sistema Único de Saúde (SUS): a atenção primária. O modelo é a porta de entrada dos cidadãos para os serviços públicos de Saúde, tendo como meta, na teoria, cuidar das pessoas individualmente e integral, em vez de apenas tratar doenças ou condições específicas. 

Esse olhar para a atenção primária não é à toa: conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela pode atender de 80% a 90% das necessidades de saúde de um indivíduo ao longo da vida, evitando complicações e, ainda, desafogando unidades de urgência e diminuindo filas por consultas com especialidades. 

Para alcançar esses resultados, porém, a gestão da Saúde Pública deve trabalhar para otimizar a atenção básica, em geral, prestada nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) por equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Thiago Uchôa, gerente comercial de produto da MV, cita quatro estratégias que devem ser aplicadas pelo gestor público para garantir os benefícios do modelo aos cidadãos e ao sistema.

 

1 - Adoção do prontuário eletrônico

O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) reúne o histórico médico do cidadão, com acesso a informações sobre diagnósticos, atendimentos, exames e medicações anteriores. Permite, também, o acesso a protocolos clínicos, por exemplo, sobre como:

  • Agir em caso de dengue;
  • A prescrição de um plano diagnóstico;
  • A visualização do resultado de exames de imagem;
  • Ter outros recursos personalizados conforme a realidade da organização.

Além de agilizar o atendimento, a tecnologia municia o profissional de Saúde com informações relevantes para o diagnóstico e escolha da melhor conduta para cada indivíduo, considerando seu histórico e também de todos os membros da família do cidadão. 

Seu irmão com menos funcionalidades, o prontuário eletrônico do SUS, chamado de Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), é obrigatório desde 2017 nas UBSs brasileiras. O modelo, no entanto, reúne somente o histórico do paciente e recursos mais básicos, deixando de fora aspectos como os protocolos clínicos, considerados diferenciais na otimização da atenção primária. 

 

2 - Abordagem multidisciplinar e holística

A equipe de Saúde da Família deve atuar multidisciplinarmente, incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais, responsáveis por avaliar não apenas o estado de saúde de uma pessoa, mas também quais os fatores que influenciam essas condições.

Uchôa cita como exemplo um paciente cujo quadro demora a apresentar melhora por conta das condições do local onde ele vive, como aspectos envolvendo saneamento básico, coleta de lixo regular, serviços escassos em comunidades mais carentes.

“Esse tipo de avaliação holística não ocorre atualmente de forma adequada e deveria ser levada em consideração, porque influencia diretamente no tratamento e diagnóstico.” 

Uma das formas de construir esse modelo é por meio de um prontuário eletrônico e um sistema de gestão alimentados multidisciplinarmente e não apenas pelo médico. Assim reúnem-se dados que vem dos serviços de enfermagem, nutrição, fisioterapia, vigilância em Saúde, entre outros, e que auxiliam na formação dessa visão holística de cada cidadão.

 

3 - Uso de protocolos clínico

Protocolos clínicos são instrumentos que promovem a padronização das condutas médicas, uniformizando os tipos de tratamento para determinados diagnósticos. Eles organizam e facilitam a tomada de decisão, apresentando ganhos quantitativos e qualitativos na eficácia dos tratamentos e ampliando a segurança do cidadão em relação a erros e eventos adversos. Quando inseridos no PEP, agilizam e otimizam o apoio ao diagnóstico médico — fundamental na atenção primária do SUS.

Uchôa cita o exemplo de um cidadão diagnosticado com sarampo. O protocolo clínico indica ao profissional de que forma ele deve agir, quais são os exames indicados e, em especial, se o indivíduo precisa ser encaminhado ou não para um especialista. Somada ao uso de um sistema de gestão, essa forma de controle auxilia a gestão da Saúde Pública na regulação das vagas, reduzindo as filas de especialidades.

“Quanto mais precoce o diagnóstico, menos gastos no final. Porque se o tratamento não é feito adequadamente, o quadro se agrava e o paciente pode chegar a ser internado com urgência — e isso é custo, além de péssimo para a segurança do paciente”, explica o especialista. 

 

4 - Integração entre atenção primária e Vigilância em Saúde

Na atenção primária, acesso à informação é o que determina a assertividade do diagnóstico e a escolha do melhor tratamento. Portanto, reunir em um sistema de gestão dados epidemiológicos, de saneamento básico, infraestrutura, condições de moradia, nível educacional e socioeconômico otimiza a estratégia para uma determinada população.

“Se o médico sabe que o paciente está em uma área de risco de dengue, ou sem saneamento básico, essa informação é relevante. São preocupações que deveriam ser consideradas para garantir a assistência completa ao cidadão”, garante Uchôa.

Portanto, quando bem implementada e aliada à tecnologia, a atenção primária à saúde é uma forma eficaz e eficiente de agir sobre os principais riscos ao bem-estar, além de lidar com os desafios emergentes que ameaçam o bem-estar populacional, conforme define a OMS. Além disso, o modelo ainda se mostra como um investimento custo-efetivo, já que há evidências de que reduz os gastos totais do sistema público e melhora a eficiência, por exemplo, reduzindo internações hospitalares.

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