Inovação sem fronteiras: é possível elevar o nível da saúde digital no Brasil

É fundamental investir em capacitação, promover uma cultura de inovação e fortalecer o conhecimento para impulsionar o progresso da saúde digital no Brasil.

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Desde que vivenciamos o período de pandemia, observamos o crescimento da adoção de soluções de saúde digital, especialmente da telessaúde, que inclui os sistemas de gestão hospitalar e de clínicas e o prontuário eletrônico. De acordo com o levantamento de dados feito pela Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, também conhecida como Saúde Digital Brasil (SDB), apenas entre 2020 e 2021, mais de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados por mais de 52,2 mil médicos via telemedicina no Brasil. 

Ainda assim, as oportunidades de investimentos em outras tecnologias de ponta seguem crescendo, especialmente naquelas ligadas à LGPD e também ao uso da inteligência artificial e do big data, o que nos faz refletir: o que falta para que a inovação tecnológica na Saúde possa avançar ainda mais? 

“Falta aos profissionais da Saúde o melhor entendimento sobre a aplicação das novas tecnologias disruptivas. Para mudar isso, é preciso que eles atualizem o próprio “mindset” e entendam que a tecnologia é aliada e não concorrente. Depois, ainda devem se engajar, o mais rápido possível, em um “hall” de tecnologias que já estão disponíveis e que podem ser aplicáveis em todas as áreas assistenciais e de operação." explica Daniel Correa, professor da pós-graduação - MBA em Health Tech da FIAP, que acredita que o desconhecimento de todo potencial da tecnologia para democratizar uma saúde de excelência pode ser uma das respostas a essa pergunta.

No exemplo da telessaúde, adicionalmente, é essencial reconhecer que os dados pessoais e clínicos utilizados devem estar em conformidade com as disposições estabelecidas pela LGPD e outras legislações relacionadas às finalidades primárias desses dados. 

Nesse sentido, pelo menos três desafios se destacam para esse futuro, de acordo com o Conselho Federal de Medicina: 

 

  • A transição do atendimento presencial para o virtual; 
  • A certificação da segurança da informação e da proteção dos dados dos pacientes;
  • A mitigação de riscos e ameaças, garantindo uma plataforma segura.

 

Mesmo enfrentando uma série de barreiras, não há como negar os benefícios entregues pela Saúde Digital.“A tecnologia veio para ficar e todo profissional de Saúde precisa urgentemente repensar o seu próprio papel para entender e sentir que a aplicação e o uso de tecnologias disruptivas nunca roubarão a característica humanizada da arte de atender, diagnosticar, curar e acolher outros seres humanos”, enfatiza Correa.  

Muito pelo contrário, o que a inovação trará é mais tempo para que esse profissional se relacione e tenha um acolhimento humanizado com seu paciente, sua equipe e com os familiares de usuários de um sistema de saúde.   

“Vamos deixar a tecnologia fazer o que é repetível, burocrático e mecânico para que o profissional da Saúde tenha mais tempo em acolher e cuidar de seres humanos”,  explica o professor.

Daniel Correa, professor de pós-graduação - MBA em Health Tech da FIAP 

Capacitar é preciso

Todo esse entendimento e capacitação também deve chegar à Gestão da Saúde, com os próprios gestores entendendo que a tecnologia também não tomará a sua função, mas virá a somar esforços no cuidado da saúde.  

“Eu percebo, nas minhas aulas no MBA em Heath Tech, que gestores mais jovens buscam e tendem a aceitar melhor a aplicabilidade das novas tecnologias disruptivas, buscando sempre uma melhor qualidade no serviço oferecido e escalabilidade”, evidencia o professor.  

A mensagem mais importante nesse sentido é a de que, se não houver uma conscientização desse profissional, muito em breve, ele se tornará obsoleto: “Para o profissional de Saúde, além de toda a fundamentação teórica, da especialização, da prática, de horas de experiência de campo de trabalho e de atualizações, exige-se agora mais uma característica fundamental : o eterno buscar e inovar das tecnologias nas mais variadas áreas”, enfatiza Correa.  

“Eu me lembro que, no ano 2000, fiz uma cirurgia de catarata juvenil com o Dr. Walton Nosé usando robótica e foi fantástico: um procedimento rápido, indolor e extremamente seguro. Imagine o quão mais eficaz, segura e rentável essa cirurgia está hoje em dia com todas as inovações que surgiram?”, emenda.

E para começar a aproximação com as novas tecnologias, principalmente aquelas aplicáveis em Saúde, o professor sugere a capacitação em áreas como Inteligência Artificial, Block Chain, IoT, Metaverso, Tecnobiologia e Wearables.  

“Dá para ver que tecnologia já temos de sobra! Só falta o gestor ou profissional de saúde se apropriar desses conhecimentos e, com base nas suas próprias experiências começar ele mesmo a inovar, empreender e a se conectar com comunidades de Health Tech de referência para estudar e expandir seu conhecimento”, finaliza.  

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