Sistema PACS otimiza a prática da telerradiologia
Ferramentas podem auxiliar no diagnóstico, aumentar a segurança do paciente e chegar a lugares mais distantes, onde, muitas vezes, as pessoas têm dificuldade para se locomover para os hospitais
A telerradiologia é o principal e mais difundido uso da telemedicina no Brasil. Trata-se da emissão remota de laudos, por meio de uma central de laudos a distância. Com o uso de um Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and Communication System — PACS), diminui-se a ociosidade dos radiologistas, oferecem-se chances de maior remuneração aos profissionais e permitem-se diagnósticos mais rápidos para pacientes, com redução de filas de entrega de exames.
No aspecto técnico, o modelo funciona com base em tecnologias da informação e comunicação (TICs), que permitem o contato entre radiologistas de diferentes localidades por meio de ambientes digitais. Pode ser utilizada tanto para a promoção da prevenção à Saúde, quanto para diagnósticos, tratamentos e reabilitação de doenças.
“A telerradiologia utiliza as TICs para serviços de apoio ao diagnóstico por meio de distâncias geográficas e/ou temporais, geralmente de forma assíncrona", explica Jefferson G Fernandes, professor do MBA em HealthTech da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).
Com o PACS, as imagens podem ser acessadas facilmente em ambas as pontas de comunicação. Mas o especialista destaca que as TICS se tornaram acessíveis para o modelo pelas várias opções de soluções e pela redução do seu custo, mas ainda existem desafios.
"No Brasil, uma das maiores dificuldades é o acesso à banda larga de internet", lembra.
Lá fora, os impactos da telerradiologia e, em especial, da telemedicina já são sentidos. Pesquisa do Instituto Coalizão Saúde (Icos) indica que, no Reino Unido, essas tecnologias permitiram uma redução de 52% no número de internações de idosos, o que trouxe economia de 2% nas despesas de Saúde. Nos Estados Unidos existem diversos aplicativos que oferecem serviços do tipo, como o Doctor On Demand e o HealthTap.
No Brasil, porém, a legislação restritiva é outra das dificuldades apontadas por Fernandes. A resolução 1643/2002 do Conselho Federal de Medicina (CFM) define que só pode haver consultas médicas por telecomunicações se houver um profissional de medicina em cada lado da ligação, dificultando a exploração. Já a telerradiologia, como não é uma ferramenta de consulta, e sim de apoio ao diagnóstico, tem características específicas e é permitida por lei.
O Conselho Federal de Psicologia aprovou, recentemente, resolução que permite, dentro de determinados parâmetros, a telepsicoterapia feita por psicólogos. Para o professor, trata-se de importante avanço.
"Acreditamos que, em breve, veremos modificações nas limitações à teleconsulta, pois as evidências existentes mostram que a telemedicina aumenta o acesso ao serviços de Saúde, melhora a resolubilidade dos cuidados, promove a redução de custos e, desde que implementada de forma responsável e ética, é segura e traz qualidade à assistência.”
Na prática
Enquanto as mudanças na legislação não ocorrem, a telerradiologia segue como opção para a prática de telemedicina no Brasil. Para o especialista, ela amplia o acesso da população aos serviços de Saúde em um país de dimensões continentais, facilitando o diagnóstico e, consequentemente, a tomada de decisão.
"A telerradiologia permite que hospitais, clínicas e unidades de Saúde de qualquer parte do Brasil tenham acesso de forma ágil, com qualidade e segurança, à interpretação de exames de imagens feita por profissionais altamente qualificados", destaca.
O professor lembra que o sistema PACS permite que os médicos compartilhem eletronicamente, de forma fácil e rápida, exames de imagem e suas interpretações. Para ele, a radiologia digital otimiza essa comunicação a distância.
"O PACS disponibiliza imagens digitais que podem ser manipuladas, permitindo ao médico uma melhor visão e análise das alterações, facilitando o diagnóstico. É um sistema que contribui para a melhoria da assistência e da medicina diagnóstica como um todo."
Para o professor, o modelo de telerradiologia aliado ao Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens vai além do diagnóstico.
"O monitoramento remoto de pacientes permite, para estes, maior autonomia e proatividade para o autocuidado, detecção precoce de alterações clínicas e flexibilidade para os ajustes no tratamento", destaca.
As novas tecnologias de monitoramento, associadas à gestão do cuidado feita por médicos e demais profissionais da saúde, promovem eficiência e custo-efetividade nos serviços de medicina diagnóstica. A legislação ainda precisa de adequações, mas está claro que ferramentas de telerradiologia, aliadas à solução PACS, podem otimizar e ampliar o acesso à Saúde, além de aumentar a desospitalização e diminuir os custos com tratamentos.