Sistema PACS apoia diagnóstico e tratamento da Covid-19
Assertividade de exames de radiografia e tomografia computadorizada é fundamental para a identificação de síndrome respiratória presente em até 29% dos pacientes com coronavírus
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é um dos desdobramentos mais preocupantes da Covid-19. Trata-se de uma das complicações mais comuns da doença, atingindo de 17% a 29% dos portadores, segundo dados do Ministério da Saúde, e exigindo cuidados minuciosos como intubação e ventilação mecânica.
O meio mais assertivo para identificar a SRAG são os exames de imagem, como radiografia e tomografia computadorizada. Em um cenário onde o número de casos cresce a cada hora, o uso do sistema PACS (Picture Archiving and Communication System, ou Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens) proporciona agilidade e assertividade ao diagnóstico.
Marcos Duchene, radiologista do Hospital Albert Sabin, explica que o exame clínico, acompanhado de procedimentos como raio-x e oxímetro, é crucial para o correto diagnóstico do coronavírus. Porém, ele destaca que “o exame com mais sensibilidade ainda é a tomografia”. Nesse sentido, o PACS traz agilidade e amplia a capacidade de visualização dos pulmões, servindo de apoio para a tomada de decisão mais assertiva sobre o diagnóstico e, ainda, sobre quais condutas devem ser adotadas dali em diante.
"Com a ferramenta de imagem, é possível ver o local afetado em diferentes planos, seja axial, coronal, sagital. O sistema ainda permite quantificar a área acometida do pulmão e, dependendo desse acometimento, indicar se o paciente precisa ser imediatamente internado ou se está clinicamente bem e pode ser acompanhado de casa", afirma.
Em uma situação de alta significativa na demanda, que impacta diretamente no número de leitos disponíveis, a possibilidade de identificar rapidamente quem pode receber acompanhamento domiciliar é determinante para a gestão em saúde, como destacou Larisse Ramos, especialista em aplicações da MV, no webinar "Como o PACS pode auxiliar o diagnóstico da Covid-19", transmitido em maio de 2020.
“Acredito que é extremamente válido [o uso de ferramentas] para ter essa sensibilidade e entender o quanto do pulmão está acometido e o quanto um paciente precisa do leito em comparação com outro paciente.”
A integração do PACS ao RIS otimiza todo esse fluxo, facilitando a gestão dos pacientes nos centros de medicina diagnóstica.
A utilização de protocolos clínicos também foi debatida no evento online, já que a estratégia permite a realização de um laudo padronizado, por meio do qual é possível inserir informações sobre o paciente e sobre a lesão em si, mas também incluir dados complementares como infecções associadas e alterações cardiovasculares.
“O médico tem disponível toda essa análise, dados gráficos e volumes, além do laudo do exame em si”, explica Larisse.
Vale lembrar que alterações como lesão cardíaca aguda e infecções secundárias são desdobramentos comuns da Covid-19, e atingem 12% e 10% dos pacientes, respectivamente, ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde. O especialista do Hospital Albert Sabin lembra, ainda, que o acesso remoto a exames via sistema PACS é um diferencial no cenário da Covid-19, no qual há altas taxas de contaminação que exigem o distanciamento social.
"O médico responsável pela análise pode discutir com outro especialista a distância, obter dele uma segunda opinião, ou até mesmo fazer uma videoconferência para algum caso específico. Independentemente do local onde estamos, temos todas as ferramentas de trabalho disponíveis para realizar a análise."
Inteligência artificial
A inteligência artificial é outra ferramenta do PACS que ganha papel de destaque no combate ao coronavírus. Para Duchene, o diferencial da tecnologia está relacionado, principalmente, à agilidade muito superior à capacidade humana de avaliar uma abundância de dados.
"Mesmo um médico experiente na análise de uma tomografia de tórax pode levar de 10 a 15 minutos para realizar uma leitura com detalhes. A inteligência artificial consegue analisar centenas delas em segundos", explica o especialista.
Duchene complementa, ainda, que a tecnologia impulsiona não só o diagnóstico, mas todo o tratamento e acompanhamento da evolução do quadro até o pós-alta.
"Para avaliar o pulmão, a tomografia é fundamental. E, aliado ao PACS e à IA, podemos agilizar atendimentos de forma adequada e com assertividade extremamente elevada tanto em termos de possibilidade diagnóstica quanto em termos de evolução - seja melhora ou piora do quadro do paciente que, por sua vez, é reflexo direto do tratamento clínico eficiente ou deficiente.”